Uma paródia à OPINIÃO DA RBS: “A crítica sufocada”,
publicada no SANTA de
31/10/2013*
O governo argentino ganhou muito na luta contra o
monopólio da mídia ao enquadrar o Grupo Clarín na chamada Lei de Meios, agora
com o aval da Suprema Corte do país. Na legítima pretensão de democratizar os
meios de comunicação, a legislação estrutura e fortalece a liberdade de
expressão, eis que o principal grupo do país que detém hoje o monopólio da
comunicação passará a ter que disputar e aceitar que outras empresas de
comunicação tenham o direito de (in)formar opinião, tanto a favor, como contra
o governo e interesses da Casa Rosada.
Esse avanço segue a lógica de regimes que desejam conviver
com a liberdade de expressão. Por isso, a situação argentina não pode ser
vinculada num contexto de democracias autoritárias, seja de qualquer país do
mundo, ainda que meios de comunicação monopolistas utilizem de artifícios
falaciosos para ludibriar e vender essa notícia como golpe. A concorrência do
setor na Argentina (como no Brasil) tem sido alcançada pelas novas mídias
virtuais e tentam desafiar modelos consagrados, mas encontram dificuldades financeiras
e sofrem com falta de estrutura para produzir e transmitir informação, situação
bem diferente das empresas que detém o monopólio da comunicação.
O grupo Clarín, numa tentativa desesperada, avalia recorrer
a cortes internacionais como último recurso para manter o seu monopólio. A
tentativa de democratizar a imprensa e os meios de comunicação certamente vai
provocar prejuízos econômicos a grupos empresariais monopolistas como esse, mas
garante ao povo o acesso à informação de todas as vertentes políticas e garante
a todas as mídias, inclusive virtuais, a sobrevivência e liberdade de atuação
em pé de igualdade com quem hoje detém monopólio. Isso deveria acontecer no Brasil também.
Esse artigo foi publicado no Portal Desacato, de Florianópolis e no Portal Blumenews, de Blumenau.