Conheço a Célia desde a faculdade e a considero uma grande amiga; quem a
conhece sabe de sua integridade como pessoa e juíza. Além de carinho e amizade,
tenho uma imensa admiração por seus posicionamentos políticos e de esquerda nas
questões mais relevantes (favorável à desmilitarização da polícia, contra o projeto
de lei antiterrorismo – criminalização de ativistas, protestos e movimentos
sociais, contra o projeto de lei que criminaliza o aborto, entre outros), por
sua atuação no Judiciário, como decisões envolvendo a proteção às terras
indígenas no Mato Grosso, só para citar um exemplo; e na sua atuação junto à
Associação de Juízes para a Democracia (AJD).
Célia possui posicionamentos muito mais à esquerda do que aqueles que se
autointitulam de esquerda. É uma libertária por essência. Suas ideias/ideologias
nunca caminharam juntas com a direta desse País (como o PSDB, por exemplo), e
por isso percebo claramente que ela agiu com imparcialidade, como tem ser a postura de um juiz.
Quem nada tem de integridade e imparcialidade, como quase sempre, é a
imprensa, que lançou holofotes somente sobre o filho do Lula na Operação Zelotes, uma gotícula num oceano do que está sendo investigado pela Polícia
Federal e decidido pela Juíza, muito
mais grave em relação a tantos outros empresários e empresas, como montadoras
de veículos (Ford, Mitsubishi), bancos (Santander e Safra), grupo RBS,
siderúrgica Gerdau, etc. A força-tarefa que montou a
Operação Zelotes descobriu a existência de empresas de consultoria para vender
serviços de redução ou desaparecimento de débitos fiscais no Carf - Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Se o filho do Lula for inocente, ele
não poderia estar em mãos melhores. Mas se for culpado que Justiça seja feita,
assim como para todos os corruptos do País.
A cegueira é tanta, que entendem que a Juíza pode ser julgada
por ser irmã de um prefeito do PSDB, mas o filho do Lula não pode ser
investigado por ser filho do Lula. Como se irmãos fossem necessariamente iguais
ou parecidos em atitudes e posicionamentos, o que, diga-se de passagem, acaba
ocorrendo justamente o contrário.
A injustiça, no caso, está claramente nesta insinuação de imparcialidade
daqueles que querem partidarizar tudo, independentemente se existem ou não
lastros de corrupção, tanto do lado do PSDB, como do PT; nesse fla-flu cego e
insuportável que virou a discussão política no País.
O que posso desejar à Célia é força para suportar estas acusações infundadas e levianas. Mantenha-se firme nas convicções. Quem te conhece, está contigo!
"O
livro de Célia Bernardes é, no Brasil, a obra que analisa
com maior detalhe e com mais profundidade o fenômeno político do racismo de Estado. (...) Assim como a pesquisadora analisa o lado
terrível do neorracismo, ela não se esquece das lutas políticas que continuam
a ser travadas pelas modificações de tudo o que existe de pesado e
opressor no mundo presente. Segundo Célia Bernardes, não temos que ficar
paralisados na crítica do mundo no qual vivemos. Existem lutas de resistências,
com novos fundamentos e motivações. Como a autora afirma (p. 152), trata-se
de uma nova perspectiva, mais otimista, mais serena, em que a modernidade é o
espaço em que no qual floresce a liberdade de ser livre, em que os sujeitos se
autoconstituem e no qual podem surgir novos saberes não imperiais, conhecimentos oferecidos a quem
queira, livremente, utilizá-los para o exercício de certas práticas
libertadoras de si." (Guilherme
Castelo Branco, professor do Laboratório de Filosofia Contemporânea da UFRJ).