(crônica de autoria do ciclista e colega
advogado André Jenichen)
Foto: Marcelo Martins (www.blumenau.sc.gov.br) |
Estávamos no salão nobre da
prefeitura municipal. Ao nosso lado, havia uma estante de onde o senhor
prefeito retirou um belíssimo livro. Postando-o sobre a mesa, o prefeito
prosseguiu. Em nossa cidade, André, não precisamos prometer nada para nos
elegermos. E continuou. Aqui nós temos este magnífica obra – o livro [uma
espécie de plano diretor da cidade] -, que foi esquematizado há muitas décadas.
Neste verdadeiro manual, constam todas as informações e recomendações que
devemos seguir. Abrindo o livro, ele passou aos exemplos: hoje, nossa cidade
tem aproximadamente 350 mil habitantes. Quando chegar nos 370 mil, eu já
deverei ter concluído as obras de mais 3 creches, 2 postos de saúde e 1 escola
no bairro “x”, pois, de acordo com o planejamento urbano, para lá será o
crescimento da cidade. Mas não é só, continuando sua oratória: chegando aos 400
mil habitantes, o crescimento ordenado e planejado da cidade me diz que deverão
estar prontos o novo hospital no bairro “y”, e a ampliação da escola municipal
“z”, além da implantação dos corredores de ônibus e ciclovias, a fim de
garantir a mobilidade urbana, de qualidade e com toda a segurança
possível. Ah, e por força do que está
escrito neste manual, deverei ter concluído mais duas praças públicas para
assegurar locais seguros e de lazer aos munícipes. No mais, devo manter em
funcionamento a cidade. Garantir a assistência às famílias, escolas, postos de
saúde, etc. Percebe, agora, por que não prometi nada, nenhuma obra
extravagante? Basta o compromisso de seguir os projetos já executados. Dar
continuidade ao planejamento da cidade. Sem margem para ciúmes ou picuinhas
políticas. E isto é sinônimo de economia ao erário e de tempo, além de conferir
segurança jurídica aos munícipes, empresários e futuros empreendedores.
Brilhante! Fantástico! Estava prestes a cumprimentar o prefeito quando, de
súbito, meu despertador soou. Acordei. Para minha decepção, tudo não havia
passado de um sonho. Mas, como diria nosso poeta maior “menor do que meu sonho eu
não posso ser”. Em tempo: para os que pensam que isto seria utopia, não é não!
Incontáveis cidades espalhadas pelo mundo afora são administradas desta forma,
principalmente, cidades alemãs!!
André Jenichen
...é verdade. Também sonhei esta noite que caí da escada...sorte que acordei antes de bater no chão.
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