Nesse nosso tabuleiro, a única
coisa que se move é o tempo, que corre nos relógios e escorre pelos rostos e
mãos. De tão estagnado, vê-se teias emaranhadas entre as peças do jogo.
Pra não dizer, moveram-se os
peões nas passeatas e manifestações contra o alto preço que lhes é cobrado para
movimentar-se. Disso resultou um único movimento do Rei, além das constantes
trocas de secretários: aquele que tirou o famigerado imposto e reduziu as
passagens de ônibus.
Mas muitos dos peões permanecem
parados, não só porque querem, mas porque continuam sufocados nos coletivos,
com prazo de validade vencido. Outros peões, não só permanecem sem ciclovias,
mas também presenciam tristemente a destruição daquelas poucas que já existiam;
mesmo lutando e reivindicando tanto por caminhos para usarem o invento do
mestre Da Vinci.
Enquanto isso, assistimos os
cavaleiros da nossa câmara distribuindo datas comemorativas e moções inúteis,
com leituras de salmos na frente da cruz. Um deles, portando chapeuzinho de
alemão, até protestou na tribuna contra a redução do tempo dos desfiles da
Oktober!
Também continuamos lendo como
verdade o que a grande imprensa diz que devemos entender, e quem devemos
condenar e absolver.
Nesse tabuleiro esburacado e sem
rumo, com boa parte já invadida por uma avalanche de prédios, concreto e sem
mais tanto verde, desaprendemos a nos movimentar e a ver o horizonte. E vamos
ficando assim, inertes... Até quando?
(Primeiro Ato: o rei, o bispo e o tabuleiro. Acesse aqui: http://sallysatler.blogspot.com.br/2013/03/primeiro-ato-o-rei-o-bispo-e-o-tabuleiro.html)
* Esse artigo foi publicado no Portal Blumenews, de Blumenau.
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