terça-feira, 16 de julho de 2013

Segundo Ato (ou não ato): as teias sobre o tabuleiro







Nesse nosso tabuleiro, a única coisa que se move é o tempo, que corre nos relógios e escorre pelos rostos e mãos. De tão estagnado, vê-se teias emaranhadas entre as peças do jogo.

Pra não dizer, moveram-se os peões nas passeatas e manifestações contra o alto preço que lhes é cobrado para movimentar-se. Disso resultou um único movimento do Rei, além das constantes trocas de secretários: aquele que tirou o famigerado imposto e reduziu as passagens de ônibus.



Mas muitos dos peões permanecem parados, não só porque querem, mas porque continuam sufocados nos coletivos, com prazo de validade vencido. Outros peões, não só permanecem sem ciclovias, mas também presenciam tristemente a destruição daquelas poucas que já existiam; mesmo lutando e reivindicando tanto por caminhos para usarem o invento do mestre Da Vinci.

Enquanto isso, assistimos os cavaleiros da nossa câmara distribuindo datas comemorativas e moções inúteis, com leituras de salmos na frente da cruz. Um deles, portando chapeuzinho de alemão, até protestou na tribuna contra a redução do tempo dos desfiles da Oktober!

Também continuamos lendo como verdade o que a grande imprensa diz que devemos entender, e quem devemos condenar e absolver.

Nesse tabuleiro esburacado e sem rumo, com boa parte já invadida por uma avalanche de prédios, concreto e sem mais tanto verde, desaprendemos a nos movimentar e a ver o horizonte. E vamos ficando assim, inertes... Até quando?


(Primeiro Ato: o rei, o bispo e o tabuleiro. Acesse aqui: http://sallysatler.blogspot.com.br/2013/03/primeiro-ato-o-rei-o-bispo-e-o-tabuleiro.html)


* Esse artigo foi publicado no Portal Blumenews, de Blumenau.

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