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Até pouco tempo eu não tinha muita esperança de mudança na política de mobilidade urbana em Blumenau: ou vocês não se lembram da polêmica que foi tirar uma pista dos carros nas ruas centrais, para os ônibus circularem sozinhos? O carro ainda é considerado símbolo de status e ascensão social, devidamente patrocinado pelo Governo com isenções ou reduções de IPI.
Mas eis que as coisas estão mudando um pouco
por aqui: os discursos em prol da bicicleta, pouco a pouco começaram a ser
aceitos por uma parcela de blumenauenses, fazendo frente à cultura do
automóvel: tenho visto as magrelas se multiplicando nos fins de tarde, noites e
fins de semana em
Blumenau. Antes vista como brincadeira de criança ou meio de
transporte para a classe pobre, a bicicleta conquistou primeiramente os
‘alternativos’, que rejeitam o ‘império’ do automóvel, seus males e que também se
preocupam com a saúde; depois conquistou uma parcela da classe média mais consciente:
agora a bike é considerada também um
modo de vida alternativo, para momentos de lazer e prática de atividades
físicas. Em Blumenau já temos bicicletadas promovidas por escolas e coletivos de
bikers.
Os
benefícios da bike são indiscutíveis, tanto para o cidadão, quanto pra cidade. Pessoas
adoecem porque comem mal e não se exercitam: andar de bike previne doenças, instiga
alimentação saudável e reduz despesas médicas – a demanda e gastos com a saúde pública está no limite do
insuportável. Andar de bike evita a necessidade permanente e desenfreada de
construção de pontes, viadutos e vias expressas, reduzindo os custos
astronômicos com essas obras, suas manutenções e outras demandas de planejamento urbano; reflete
diretamente na mobilidade, reduzindo
o trânsito nas ruas. Reduz a poluição sonora e do ar, contribuindo para meio ambiente.
Andar
de bike humaniza os espaços urbanos.
Carros são ilhas com redomas, habitados por pessoas que ficam indiferentes ao
mundo externo. Não há interação, só o medo do outro! Quando ando de bike e
encontro outros ciclistas, percebo a cumplicidade no olhar e na atitude. Quando
ando de carro, eu não vejo pessoas. Eu vejo carros, placas, semáforos e muita
poluição. Quando ando de carro eu não conheço a cidade, só presto atenção no
trânsito caótico pra não bater. Andando de bike eu me sinto livre: vejo casas e
pessoas, árvores, plantas e flores. Eu vejo vida!
Mas quando
é que Blumenau enxergará isso?
* Esse texto foi
publicado no Portal Blumenews, de Blumenau, onde a autora é
colunista. Também publicado no Portal Desacato.Info, de Florianópolis.
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