Você mesmo, aí do outro lado da tela!
Não
se cansa de ficar apenas indignado com a falta de ética, tanta violência
e a má qualidade de vida nas cidades? Não se entedia nessa corrida contra o
tempo, sempre atrás do capital, que nem sobra tempo pra viver? Não se cansa de
não refletir sobre o sentido (ou a falta de sentido) que a vida moderna e
pós-moderna te impõe? Já questionou como suas ações cotidianas contribuem para
a manutenção desse estado catártico-social? Que tal fazer algo, ao invés de
continuar seguindo tediosamente uma vida tecnocrática casa-trabalho-casa? acordar, comer, trabalhar, procurar
distrações, beber, transar, dormir, e quem sabe, numa nuvem etílica ou entre um
remédio para acordar e outro para dormir, amortecer-se.
É
preciso refletir, e muito. É preciso, sobretudo, revolucionar-se. E não há
nenhum problema se as revoluções começarem tímidas e pequenas, pois é deste
impulso que saem as mudanças mais importantes. Fazer uma pequena horta no
apartamento ou em casa utilizando sementes oriundas da agricultura familiar,
significa romper com a exclusividade de consumo de alimentos comprados em
supermercados, que além de possuírem um alto preço, vêm acompanhados de uma
infinidade de agrotóxicos; Usar menos o carro, mais a bicicleta e transporte
público, significa romper com a ideia de que o automóvel é o responsável por
trazer qualidade de vida e mobilidade; estar sempre acompanhado de um livro e
dedicar tempo à leitura, significa buscar conhecimento de mundo e não limita
o indivíduo às versões de fatos trazidas pelo ‘Jornal Nacional’ ou a fazer
replicações de frases feitas nas redes sociais. Conter a voracidade consumista
a que servilmente nos submetemos e parar de usar o tempo só pra ganhar
dinheiro, significa ter tempo pra fazer o que de fato pode trazer felicidade,
como, por exemplo, conviver mais com as pessoas que amamos. São atitudes
libertárias do bem viver.
Essas
atitudes, dentre muitas outras, são também o que chamo de ‘pequenas revoluções’
pessoais e cotidianas. Pois é só no ato de revolucionar-se que é possível
compreender a necessidade e a importância dos movimentos coletivos que estão
surgindo por todos os lados, fronteiras e continentes. Somente revolucionando o
seu cotidiano é que teremos a capacidade de participar e constituir coletivos e
grupos que lutarão pela qualidade de vida e humanização da cidade. E é só a
partir daí que conseguiremos exercer de fato a ‘cidadania’ (do latim, civitas, "cidade"), mais
importante e relevante do que o ato de ‘administrar’ a cidade, que já não supre
as necessidades para o bem viver.
Ao
redor do planeta, apesar das mídias de massas insistirem em ignorar, abafar ou
então distorcer os pequenos e também os grandes focos de movimentos que renegam
o estilo de vida consumista, competitivo e frenético, eles estão ganhando força
e importância política, como o Occupy
Wall Street (EUA)*, o 15M (Espanha)**,
o Movimento Anarquista (Grécia)*** e
o mais recente Primavera Turca (Turquia)****,
dentre tantos outros. A adesão vem
aumentando e em alguns casos os poderes estatais ficam perdidos e até
perplexos. Esses movimentos nada mais são do que a necessidade de união de
pessoas que pararam e refletiram sobre o sobreviver frenético-consumista e a consequente
degradação humana.
O
Geógrafo David Harvey, professor emérito da City
University Of New York, considerado principal teórico do direito à cidade e
autor de ‘Rebel Cities’ (Penguin, 2012, ainda sem tradução no Brasil),
recentemente concedeu uma entrevista ao Le
Monde Diplomatique Brasil. Falando um pouco sobre seu livro, ele afirmou
que “é preciso redefinir o proletariado de hoje para incluir todas as pessoas
que produzem e reproduzem a vida urbana – e que, portanto, revolucionar a
cidade é tão importante quanto revolucionar o local de trabalho”. Harvey sustenta que ao analisar a Comuna de
Paris e os movimentos revolucionários de 1848, haveria evidências históricas de
que eles tinham como propósito recapturar a vida urbana para a massa da
população. Infelizmente esses movimentos urbanos não foram levados a sério por
muitos setores da esquerda. “As pessoas nas ruas, como vimos nas revoltas do
Cairo, tomando conta de regiões simbólicas das cidades, são uma força política
muito significante. Precisamos encarar as cidades como centros de legitimação
política e potenciais para revoluções e transformações”.
Em
Blumenau, tenho percebido a constituição de diversos coletivos, que começaram
com divulgação pelas redes sociais. Alguns já se desfizeram, mas outros, aos
poucos, estão tomando corpo e ritmo nas ruas e espaços da cidade. Dentre eles,
posso citar o Clio no Cio, coletivo
que nasceu na Universidade e dentre as mais diversas temáticas relacionadas, fez
encontros também para discutir o corpo e a cidade. Podemos citar o Nosso Inverno, movimento da classe
artística que surgiu inicialmente como um manifesto contra o descaso com a
cultura em Blumenau, que chegou ao ponto crítico com a não realização do FITUB
(Festival Internacional de Teatro Universitário) no ano de 2009. Desse evento,
que também dividiu opiniões dos artistas, fez surgir novos movimentos
artísticos, como o Vamosiuní, que
desde 2011 reunia praticamente todas as tribos artísticas na Prainha,
reocupando um espaço subutilizado até então e o Colméia, também destinado a reunir parte das produções e
manifestações artísticas de Blumenau. Também temos o PIU – Projeto Intervenção Urbana, que visa realizar intervenções
urbanas na cidade, de forma a tornar evidente os problemas que a cidade
enfrenta; o Acupuntura Urbana em Blumenau,
grupo que tem por objetivo provocar as pessoas a entender e planejar a própria
cidade e instigá-las a apresentar propostas que promovam o convívio, o encontro
e a integração com o patrimônio cultural e histórico. A entidade ABC
Pró-Ciclovias, que está lutando desde a década de 1990 pela implementação de ciclovias nas vias públicas e
por espaços voltados ao uso da bicicleta, e que dentre inúmeras atividades,
agora possibilitou o uso público de uma nova plataforma on line para que todos os cidadãos ciclistas possam comentar sobre
os locais da cidade que são amigáveis ou não aos ciclistas e ao uso da
bicicleta (www.bikeit.com.br/blumenau); o Coletivo
Mobilidade Urbana, que discute a mobilidade na cidade, envolvendo
pedestres, skatistas, ciclistas, motoristas e motociclistas, bem como luta por
transporte coletivo decente e contra a exorbitância do preço das passagens
inversamente proporcional à qualidade do serviço prestado; e o Coletivo Bicicletada Blumenau, que nasceu agora
e está programando uma série de intervenções na cidade, buscando sensibilizar a
comunidade quanto aos benefícios do uso da bicicleta e demais transportes
alternativos, suscitando também questionamentos atinentes à qualidade de vida
em Blumenau e a necessidade de uma cidade mais humanizada. Este coletivo fez sua
primeira intervenção na cidade no mês de maio/2013, mostrando quantas
bicicletas cabem no espaço ocupado por um único carro (http://vimeo.com/66195778).
Precisamos
nos movimentar, criar, participar e fortalecer esses movimentos e coletivos em
defesa da qualidade de vida e humanização da cidade. Não podemos mais ficar
prostrados nos sofás e na frente de TV´s ou diante de notebooks e computadores,
despejando verborragicamente frases prontas, destilando preconceitos e
alimentando as atrocidades que aí estão, também com a conivência e atuação
estatal. Não há outro jeito de fazer
acontecer.
Ou você revoluciona a si mesmo ou
Ou você revoluciona a si mesmo ou
não revoluciona coisa alguma.
(Michel Foucault)
Fonte: Armandinho, via Facebook. |
* Movimento Occupy Wall Street (EUA): nascido em 17 de setembro de 2011
** Movimento
15M (Espanha): O movimento surgiu após de uma passeata que aconteceu no dia
15 de maio de 2011 em todo o país, com objeto de reagir contra as políticas
implementadas contra a crise econômica pelo governo espanhol - ditadas pelos
poderes econômicos, destinadas a contentar os poderes econômicos acima dos
interesses e necessidades da população. Essa passeata, preparada com meses de
antecedência por vários coletivos e pessoas, foi um sucesso e foi reproduzida
em todo o país, já que em todas as cidades aconteceu a sua manifestação. Em
Madrid, ao final da passeata, um pequeno grupo de pessoas acampou na praça
principal da cidade, a “Puerta del Sol” com objeto de visibilizar o problema.
No entanto foram despejados na manhã seguinte e como resposta inesperada, até
pelas pessoas que participavam do movimento, milhares de pessoas começaram a
chegar à praça e ficaram no local durante três semanas, criando um acampamento
que crescia e reorganizava-se. O acampamento chegou a ocupar quase toda a
praça, ante a impotência e incompreensão dos poderes públicos, que tentaram
proibir a manifestação. O despejo desmontou o acampamento, que albergava
inúmeros espaços de ação e debates, mas foi mantido um ponto de informação na praça
e o movimento se espalhou por bairros e cidades de todo Madrid, por todo o país
e até por residentes espanhóis em algumas cidades européias e americanas que se
manifestavam diante das embaixadas espanholas, junto a cidadãos solidários de
aqueles países (Paris, Bruxelas, Buenos Aires, Atenas, etc.). Com isso, o 15M
se fortaleceu como um movimento que está além da ocupação do espaço público,
pois continua com suas atividades, com assembléias nos bairros, impedindo
despejos de famílias que não podiam pagar pela hipoteca aos bancos, impedindo a
polícia de capturar imigrantes irregulares, concentrando-se nas câmaras
municipais com vereadores ou até presidentes imputados por corrupção.
Sobretudo, o 15M permanece no espaço público, com marchas em várias cidades do
país até a capital, passeatas contra decisões do mercado implementadas pelos
governos ou simplesmente para celebrar debates públicos entre a cidadania. Na
primeira semana de agosto, o movimento 15M voltou a ocupar as manchetes dos
meios de comunicação por conta do despejo do ponto de informação que ficava na
praça. O local foi fechado pela polícia, até mesmo os pontos de metrô e trem,
para evitar protestos. O que as autoridades conseguiram com esta atitude foram
vários dias de concentrações, passeatas e marchas de uma multidão de cidadãos
indignados por terem fechado o espaço público à cidadania e por proibirem o
exercício de livre trânsito pelas ruas, além do direito de manifestação. “Nossa vingança é sermos felizes,
estamos dizendo isso faz tempo”. Fonte: http://www.outraspalavras.net/2013/05/16/muito-mais-que-indignados/
***
Movimento Anarquista (Grécia): O Nosotros, um prédio estreito de três
andares, é o ponto de encontro do antifascismo e de uma sociedade alternativa,
que prefere ignorar a crise em prol de uma economia local, sem amarras com o
capital estrangeiro. No amplo primeiro piso, um café-bar, um salão e um grupo
com uma proposta: mitigar as atividades dos membros do Aurora Dourada, o
partido neonazista dono de 18 cadeiras no Parlamento grego. Receber ordem e
obedecer porque alguém supostamente melhor que você está mandando? Não dá. Se
eu tenho medo da polícia? O que você quer que eu faça? Fique sentada no meu sofá
enquanto os imigrantes apanham dos nazistas? Impossível”, enfatizou Olga. “A
polícia vem para cima, obedece ordem de fascistas, faz vistas grossas para o
que está acontecendo e o país está em colapso. A gente não pode ficar quieto e
só receber bomba de gás lacrimogêneo.” Rumos do Movimento: A filosofia do
Nosotros, aberto em 2005, está inscrita nos princípios da AK (Alfa Kappa), o
Movimento Antiautoridade de Atenas, a mais forte tendência do anarquismo grego.
Seus membros tratam os centros sociais como o “maior acerto” para consolidar a
AK. É a partir deles que surgem reuniões e ideias para combater o fascismo em
interações mais amplas com a sociedade. O Nosotros tem sala de aula,
computadores, internet grátis, um bar externo e outro interno, e quer escapar
das amarras do governo grego. É também mais “aberto” à imprensa em comparação
com similares mais radicais. A administração tem base na democracia direta e
uma revista, a Babylonia, concentra a comunicação do grupo com artigos de
opinião e matérias sobre as ações do movimento. Recentemente, o Nosotros
organizou uma festa, cuja arrecadação ajudaria a pagar advogados para dois
membros que estão presos após confronto com a polícia. Em outra corrente,
estuda formas alternativas de economia e realiza rondas em bairros de
imigrantes para coibir casos de violência gratuita contra os moradores - boa
parte deles paquistaneses, albaneses, chineses e sírios. Seus membros não negam
os coquetéis Molotov atirados contra a polícia em dia de protestos contra as
medidas da Troika, e acentuam que não há outro caminho, a não ser o da
resistência, com a criação de um cosmos alternativo, anti-Estado. “Para nós não
interessa se o Parlamento aprovou ou não o memorando do FMI. Não estamos
interessados nesse tipo de política”, afirmou Olga. “Agora, se o neonazismo
continuar crescendo, nós vamos crescer também e vamos enfrentá-lo.” Fonte: http://operamundi.uol.com.br/conteudo/reportagens/26146/contra+fascismo+anarquistas+gregos+abrem+centros+sociais+e+acolhem+imigrantes.shtml
****
Primavera Turca (Turquia): Há quatro dias (28/05/2013) um grupo de pessoas
alheias a qualquer organização ou ideologia específica se juntaram no
Istanbul's Gezi Park (um importante parque central da cidade). Seus motivos
eram simples: prevenir e protestar contra a demolição agendada de todo o parque
(com 600 árvores) para a construção de um shopping bem no centro da cidade.
Existem numerosos shoppings em Istambul, pelo menos um em cada bairro! O corte
das árvores estava programado para iniciar na quinta-feira (28) pela manhã. As
pessoas foram até lá: mulheres com seus lenços, pessoas com seus livros, famílias
com crianças. Ocuparam a praça com suas barracas e passaram a noite sob as
árvores. Na manhã seguinte, quando os tratores começaram a destruir algumas
árvores centenárias, as pessoas se puseram no caminho dos operários para
interromper a demolição. Eles não fizeram nada além de manter-se parados frente
às máquinas. Nenhum jornal, nenhum canal de televisão, ninguém estava lá para
cobrir o protesto. Houve um completo blecaute da informação por parte da
mídia.Mas a polícia chegou: com seus veículos com canhões de água e spray de
pimenta a jato, eles perseguiram a todos em volta do parque. À noite, o número
de protestantes se multiplicou. O mesmo aconteceu com a força policial.
Enquanto isso, o governo local de Istambul desabilitou todas as formas de
entrada para a Taksim Square, aonde o Gezi Park está localizado. O metrô foi
bloqueado, assim como todos os transportes coletivos e inclusive algumas ruas. Ao contrário do que se queria, mais e mais
pessoas marchavam a pé rumo ao centro de Istambul. Eles vinham de toda parte.
Vinham com diferentes passados, diferentes ideologias, diferentes religiões.
Todos se reuniram para prevenir a demolição de algo maior do que o parque: O
direito de viver como cidadãos honrados de seu país. Eles se reuniram e
marcharam. A polícia os perseguiu com spray de pimenta e muito gás
lacrimogênio. Avançavam com seus tanques sobre todos que se colocavam no
caminho. Dois jovens foram atropelados e mortos pelos tanques. Não existe uma “agenda
oculta” como o Estado gosta de afirmar. Sua agenda está aí, e está muito clara.
O país inteiro está sendo vendido pelo governo às grandes corporações, para a
construção de shoppings, condomínios de luxo, rodovias, plantas nucleares. Acima de tudo isso, o controle do governo
sobre a vida das pessoas tem se tornado insuportável nos últimos tempos. O
Estado, sob sua agenda conservadora, passou muitas leis e regulamentações
relativas ao aborto, à venda e ao uso de álcool e até mesmo restrições sobre a
cor do batom das aeromoças das linhas aéreas da Turquia. As pessoas que estão
marchando no centro de Istambul estão demandando o direito de viver livremente
e receber justiça, proteção e respeito de seu Estado. Eles demandam envolvimento
nas decisões de interesse público do lugar onde vivem. O que eles receberam
além de força excessiva e numerosas quantidades de gás lacrimogênio direto em
seus rostos? Apesar das duas mortes, dos feridos, ou até das duas pessoas que
perderam a visão, ainda estão todos lá. Milhares de pessoas se juntando a cada
dia. Escolas, hospitais e até mesmo hotéis 5 estrelas ao redor da Taksim Square
abriram suas portas às pessoas feridas. Médicos encheram salas de aula para
prover primeiros socorros. Alguns policiais se recusaram a jogar spray em
pessoas inocentes e se demitiram. Ao redor da praça, a polícia colocou
bloqueadores de sinal para impossibilitar as pessoas de se comunicarem com seus
sinais 3G. Residentes e comerciantes da área disponibilizaram zonas de wireless
para que as pessoas conseguissem acesso. Restaurantes estão provendo comida e
água sem custo. Pessoas em Ankara e Izmir se reuniram nas ruas para apoiar a
resistência de Istambul. E os meios de mídia continuam mostrando a Miss Turquia
e o gato mais estranho do mundo." Fonte: http://defnesumanblogs.com/2013/06/01/what-is-happenning-in-istanbul/
* Esse artigo foi publicado no Portal Desacato, de Florianópolis e no Portal Blumenews, de Blumenau.
* Esse artigo foi publicado no Portal Desacato, de Florianópolis e no Portal Blumenews, de Blumenau.
Sally, querida, sempre que leio teu textos fico muito animada e contente, primeiro em saber que minha amiga tá ficando fera nesse negócio, depois porque me delicio com sua palavras. Muito agradecida!
ResponderExcluirTaninha, tu que és uma querida! Obrigada pelo carinho, fico muito feliz em saber que estás lendo e curtindo os textos. Beijo grande, amiga!
ResponderExcluirParabéns pelo excelente texto Sally, muito bom descobrir que existem pessoas com a consciência de que o modo de vida que foi adotado pela sociedade hj é insustentável, e o melhor de tudo é saber que existem pessoas como vc que além da consciência, tem a atitude para fazer acontecer a mudança...
ResponderExcluirEu penso que a situação global que nos envolve hj e nosso meio de vida, é reflexo do nosso sistema, e o sistema é feito pelas pessoas, logo, nós como pessoas temos capacidade para reformular o pensamento coletivo aos poucos e tornar a nossa estadia nesse mundo uma coisa mais agradável e recompensadora no fim das contas...
Andrey, obrigada pela leitura! E vamos que vamos, na luta incessante por qualidade de vida e uma cidade mais humana. Abraços!
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