Lendo a coluna de opinião de um
jornal da minha cidade - Blumenau, publicada na semana passada sob o título
‘ameaça real’, fez-me refletir sobre a confusão que os meios de comunicação de
massa fazem para definir quem devemos julgar, condenar e absolver nos
manifestos que continuam acontecendo no Brasil, agora falando especialmente sobre
os que aconteceram na semana passada no Rio (17/07/13). Podem revelar a má-fé,
ou então a grande miopia e ignorância de simplificar o que não é simples.
A cada massacre policial, costuma-se
justificar com acontecimentos de toda ordem, colocando tudo e todos no mesmo
balaio, como se fossem coisas comparáveis. Podemos começar pela comparação ou
confusão tosca entre violência contra patrimônio material e a violência contra
seres humanos. Nos dizeres do professor Idelber Avelar, se a imprensa diz e você
reproduz a afirmação de que ‘a PM agiu errado, mas nada justifica o
quebra-quebra’, pode até estar se anunciando duas verdades, mas a junção das
duas, através da conjunção adversativa, produz a mentira. Isso porque sabemos
por a+b que a brutalidade policial é conseqüência de um modelo ainda
ditatorial/militarizado de segurança pública.
Mas a cobertura da Rede Globo na
manifestação ocorrida no Rio/Leblon, mesmo com toda a violência policial em
flagrantes forjados, prisões ilegais e a costumeira truculência, optou por
mostrar só o mínimo que lhe convinha, que foi sendo replicado por suas
afiliadas, seja através da TV ou Jornais, massacrando a inteligência humana a todo
o momento. E há quem os (se) defenda.
O que precisamos é fazer as
seguintes perguntas quando assistimos a essas coberturas ou lemos suas opiniões:
porque as câmeras/filmadoras foram capazes de chegar até os lugares em que
ocorria ‘vandalismo’ e a PM não? Porque a PM, ao invés de estar lá, ocupava-se
de atacar os manifestantes pacíficos?
No Centro de Comando e Controle
da Secretaria de Segurança, o chefe de planejamento do Batalhão de Choque da
PM, Giancarlo Sanches, reconheceu que a tropa não atuou para impedir as
depredações após a manifestação da última quarta-feira (17/07/13), nas
imediações da residência do governador Sérgio Cabral (PMDB). "Estávamos
esperando que houvesse realmente uma depredação do local para que pudéssemos
agir", declarou. Quando perguntado por que isso só ocorreu cerca de duas
horas depois, o porta-voz da PM, Frederico Caldas, interrompeu a entrevista
dizendo que Sanches "não é a pessoa adequada para responder".
A atuação do Choque já foi
criticada pela Anistia Internacional por realizar ataques indiscriminados
contra manifestantes, moradores, frequentadores de bares e até casas de saúde
na repressão a manifestantes. Podemos citar duas situações, ocorridas na semana
passada no Rio, dentre tantas milhares: 1) o sociólogo Paulo Baía, que criticou
ação da polícia nos protestos, sofreu sequestro e foi ameaçado de morte na
semana passada. Foi obrigado a entrar num carro por homens armados e com a
cabeça coberta por capuzes: 'Não dê mais nenhuma entrevista, não cite a Polícia
Militar de forma alguma, senão será a última entrevista que o senhor dará',
ameaçaram. 2) um manifestante estava com uma camiseta para molhar com vinagre
para se proteger caso a polícia jogasse gás lacrimogêneo. Um policial que o
deteve ‘confiscou’ a camiseta, voltando com ela logo depois recheada de pedras
portuguesas. O manifestante foi preso, mas como estava filmando com câmera
escondida toda a ação da PM, foi solto logo depois pela delegada, quando os
advogados dativos da OAB mostraram a filmagem da ação policial. Sabemos que
plantar provas acontece a toda hora e lugar. Mas porque nada acontece com os
policiais que praticam esta ação?
O que essas manifestações nos escancaram
é que não podemos mais aceitar essa forma de segurança ditatorial/militarizada
em nosso país, que não se submete a lei nenhuma (ainda que exista lei). O que
essas manifestações nos mostram, também, é que não podemos mais aceitar que
pouco mais de meia dúzia de empresas, ligadas a políticos e grupos econômicos,
detenham o monopólio dos meios de comunicação deste país. São essas as ameaças
reais que têm que acabar. São esses os vândalos de um estado que se denomina
democrático de direito.
* Esse artigo foi publicado no Portal Desacato, de Florianópolis e no Portal Blumenews, de Blumenau.
* Esse artigo foi publicado no Portal Desacato, de Florianópolis e no Portal Blumenews, de Blumenau.
esse quebra-quebra e vandalismo no Leblon, é o maior absurdo! a polícia nao pode tolerar, tem q sentar a porrada em geral mesmo!
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