sábado, 21 de setembro de 2013

A Saga do Ipê

Foto: Reprodução

Numa das terças em que costumo pedalar com um grupo de ciclistas, resolvemos voltar pela ciclofaixa do calçadão da Beira Rio, em Blumenau. Já eram 23 horas e, conversando com o Boos, ele apontou para um buraco na calçada, com grade por cima, e me confidenciou a saga do ipê que vive ali dentro.

Ele contou que a árvore estava com um galho grande quebrado, ficando nessa situação por bastante tempo. Num dia qualquer, eis que o poder público tentou solucionar o caso: cortou toda a árvore, deixando somente parte do caule. O corte foi tão cruel, que acreditou que ela havia morrido, desencorajada que estava de continuar vivendo por essas bandas.

Passados uns meses, eis que ele avistou um novo broto e percebeu que a árvore não se fazia de rogada: suas folhas novas ao redor do caule mostravam que ela queria renascer. Quem sabe, provando sua força e exibindo o verde alegre e vivo de suas folhas, eles iriam se condoer e deixá-la viver!

Mas não... Na última vez que o Boos olhou para o buraco, percebeu que cortaram novamente o seu resto de vida. Porque não basta ver pessoas presas nos prédios e lares, com portas e janelas gradeadas. Também não basta aprisionar e gradear árvores que só querem nascer, florescer e dar abrigo aos pássaros na Beira Rio. É necessário matá-las, para economizar com o jardim.


O Ipê, na Av. Beira Rio (Blumenau)

* Essa crônica foi publicada no Portal Desacato, de Florianópolis e no Blumenews, de Blumenau.

3 comentários:

  1. tá difícil pra blumenau né???? muito triste de ver isso tudo....

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  2. Concordo, Ana Paula! E olha que eu escrevi essa crônica antes do episódio do corte do Tamarindo. É desalentador, ainda mais com as rasas visões que se tem da cidade, como a reportagem do Globo Repórter, sobre qualidade de vida em Blumenau.

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  3. E ainda tem gente que diz que o Tamarindo estava velho e na hora de cortar.

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