segunda-feira, 11 de março de 2013

Vamos pedalar Prefeito?



Imagem da página do Facebook - ciclistas por LaPatagonia
A Cidade não pode esperar mais!

Até pouco tempo eu não tinha muita esperança de mudança na política de mobilidade urbana em Blumenau: ou vocês não se lembram da polêmica que foi tirar uma pista dos carros nas ruas centrais, para os ônibus circularem sozinhos? O carro ainda é considerado símbolo de status e ascensão social, devidamente patrocinado pelo Governo com isenções ou reduções de IPI.

 Mas eis que as coisas estão mudando um pouco por aqui: os discursos em prol da bicicleta, pouco a pouco começaram a ser aceitos por uma parcela de blumenauenses, fazendo frente à cultura do automóvel: tenho visto as magrelas se multiplicando nos fins de tarde, noites e fins de semana em Blumenau. Antes vista como brincadeira de criança ou meio de transporte para a classe pobre, a bicicleta conquistou primeiramente os ‘alternativos’, que rejeitam o ‘império’ do automóvel, seus males e que também se preocupam com a saúde; depois conquistou uma parcela da classe média mais consciente: agora a bike é considerada também um modo de vida alternativo, para momentos de lazer e prática de atividades físicas. Em Blumenau já temos bicicletadas promovidas por escolas e coletivos de bikers.

Os benefícios da bike são indiscutíveis, tanto para o cidadão, quanto pra cidade. Pessoas adoecem porque comem mal e não se exercitam: andar de bike previne doenças, instiga alimentação saudável e reduz despesas médicas – a demanda e gastos com a saúde pública está no limite do insuportável. Andar de bike evita a necessidade permanente e desenfreada de construção de pontes, viadutos e vias expressas, reduzindo os custos astronômicos com essas obras, suas manutenções e outras demandas de planejamento urbano; reflete diretamente na mobilidade, reduzindo o trânsito nas ruas. Reduz a poluição sonora e do ar, contribuindo para meio ambiente.

Vamos pedalar, Prefeito!

Precisamos usar a bicicleta também pra ir à escola, faculdade e trabalho! Pra isso o incentivo ao uso da bike precisa ser pensado e implementado como política pública municipal – e isso não é tão difícil: basta criatividade para otimizar os investimentos que vão ter retorno garantido a curto e médio prazos. Precisamos criar um sistema de ciclovias interligadas aos bairros – e não uma pintura vermelha em cima das calçadas do centro; precisamos de estacionamentos públicos (bicicletários) na região central e também em escolas,  parques, terminais urbanos e na rodoviária; precisamos firmar parcerias com a Universidade, para estudos sobre os melhores caminhos para estabelecer rotas escolares; e temos que retomar as ciclorrotas de lazer. Precisamos de campanhas educativas. Precisamos buscar e intermediar parcerias entre entidades (ABC pró-Ciclovias, p. ex.) e setores privados que queiram ser bike-friendly (bares, cafés, padarias, restaurantes, pizzarias, lanchonetes, academias, teatro, cinemas, etc.), prevendo descontos e promoções pra quem freqüenta esses lugares indo de bike, como já existe em Buenos Aires.

Andar de bike humaniza os espaços urbanos. Carros são ilhas com redomas, habitados por pessoas que ficam indiferentes ao mundo externo. Não há interação, só o medo do outro! Quando ando de bike e encontro outros ciclistas, percebo a cumplicidade no olhar e na atitude. Quando ando de carro, eu não vejo pessoas. Eu vejo carros, placas, semáforos e muita poluição. Quando ando de carro eu não conheço a cidade, só presto atenção no trânsito caótico pra não bater. Andando de bike eu me sinto livre: vejo casas e pessoas, árvores, plantas e flores. Eu vejo vida!

Mas quando é que Blumenau enxergará isso?


* Esse texto foi publicado no Portal Blumenews, de Blumenau, onde a autora é colunista. Também publicado no Portal Desacato.Info, de Florianópolis.

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